quarta-feira, 17 de março de 2010

Como sobreviver a uma tragédia...Exelente o Livro Recomendo


Amanda Ripley estava em Nova York em 2001, no dia dos atentados que mataram 3 mil pessoas no World Trade Center. Jornalista da revista Time, tão logo soube que aviões comerciais haviam se chocado contra os maiores edifícios da cidade ela correu ao local e presenciou o desabamento das torres gêmeas. Em 2005, estava em Nova Orleans quando o Furacão Katrina matou 2 mil pessoas. Depois de testemunhar as tragédias, a repórter foi investigar se havia traços comuns no comportamento dos sobreviventes. Entrevistou centenas de pessoas e descobriu algumas diferenças de atitude que podem aumentar as chances de qualquer um se salvar. O resultado está no livro Impensável – Como e Por Que as Pessoas Sobrevivem a Desastres (lançado no Brasil pela Editora Globo, do mesmo grupo que publica ÉPOCA).

ENTREVISTA - AMANDA RIPLEY



ÉPOCA – Há um comportamento comum entre os sobreviventes?
Ripley –
No Trade Center, muitos teriam sobrevivido se soubessem onde ficavam as escadas de incêndio. Metade não sabia. É absurdo. As torres tinham sido alvo de um atentado da rede Al Qaeda em 1993, quando um carro-bomba explodiu na garagem e a evacuação dos prédios demorou demais.

ÉPOCA – A experiência ajudou em 2001?
Ripley –
Era de esperar que qualquer um nas torres gêmeas soubesse sair de lá o mais rápido possível. Não foi assim. As pessoas não têm motivação para aprender a agir numa emergência antes que algo sério aconteça. Não fazem idéia – e ninguém lhes disse – de como é difícil decidir sob estresse. Elas não têm culpa. As previsões dos engenheiros que projetam arranha-céus sobre o comportamento dos ocupantes estão erradas.

ÉPOCA – Dá para comparar o Trade Center ao Titanic, que afundou em 1912?
Ripley –
No Titanic, havia salva-vidas para metade dos ocupantes. Seus armadores consideravam o navio “inafundável”, o que matou 1.500 pessoas. No Trade Center, quem participou de simulações de incêndio saiu rápido. Mas a maioria dos ocupantes nunca tinha feito isso. Em geral, tendemos a assumir que nada de mau nos ocorrerá e, se acontecer, ou sobreviveremos ou morreremos. A culpa é do governo. Até hoje, não existe em Nova York uma lei que obrigue um edifício a fazer simulações de incêndio.

”Muitos teriam sobrevivido no Trade Center se soubessem
onde ficavam as escadas de incêndio. Metade não sabia”

ÉPOCA – Quais eram as chances de sobrevivência no Trade Center?
Ripley –
Elas dependiam do local em que se estava dentro das torres e de quando se começou a fugir. O fator mais subestimado daquele dia foi que, no período do choque dos aviões, entre 8h45 e 9 horas, os edifícios estavam ocupados pela metade. Se os ataques tivessem ocorrido com os prédios lotados, 14 mil teriam morrido.

ÉPOCA – Numa tragédia, o que mais conta para se salvar, a experiência ou a sorte?
Ripley –
Se tivesse de escolher, ficaria com a experiência. Na hora em que somos postos à prova, podemos superar os obstáculos com treinamento e informação. A atitude também é importante. Há evidências de que quem acha que conseguirá superar os obstáculos antes de ser posto à prova em geral consegue. O livro trata disso: vamos pensar o impensável e elevar nossas chances de sobrevivência. Tendemos a superestimar os papéis da sorte, do governo e do destino, no lugar do nosso próprio. Um exemplo: quem lê o cartão com as instruções de emergência tem mais chances de sobreviver a um desastre aéreo do que quem não lê.

ÉPOCA – Qual é a visão de ciência?
Ripley –
Numa emergência, a emoção passa a controlar a razão. Quando se tem medo, a parte mais primitiva do cérebro, aquela instintiva, toma conta das ações, tornando difícil a tomada de decisões. O cérebro se recusa a ser persuadido pela razão. O medo limita nossa visão ao que está à frente e nos impulsiona a lutar ou fugir. Para quem possui uma experiência anterior que lembre o momento que está enfrentando, as funções cerebrais superiores, que comandam a razão, reduzem o medo e reassumem o controle das ações. Policiais e militares sabem que, além de olhar o perigo à frente, é importante manter uma visão periférica. A saída pode estar ao lado, e não à frente.

ÉPOCA – Quais fases atravessamos entre constatar o perigo e atingir a segurança?
Ripley –
Em todos os desastres, há um padrão que se traduz em três fases. A primeira é a negação. O cérebro se mostra muito criativo. Busca explicações para o que está acontecendo, mesmo diante de fumaça e fogo. A tendência é pensar que nada está ocorrendo. É uma reação normal. O cérebro trabalha identificando padrões entre tudo o que vivemos. Uma mulher que sobreviveu ao Trade Center me disse que não queria fugir, mesmo sabendo que um jato havia batido no prédio. Todos gritavam a sua volta, e ela andava em círculos procurava sua bolsa, um romance policial.

ÉPOCA – Quais são as outras duas fases?
Ripley –
A segunda é a deliberação. As pessoas se tornam mais sociais num desastre e se voltam para os outros em busca de conselho. É um comportamento saudável, mas que toma um tempo precioso. A última fase é o momento decisivo, quando finalmente se começa a agir. Quando digo agir, não quero dizer tomar uma decisão e fugir. Em alguns casos, a decisão é não fazer nada e ficar onde está, entrando numa espécie de paralisia. Num prédio em chamas, não é a coisa sensata a escolher.

ÉPOCA – Um executivo no 11 de setembro mandou os empregados voltar ao trabalho. Quem ficou morreu.
Ripley –
Há histórias de chefes que mandaram todos os seus funcionários voltar a suas mesas e de outros que diziam para todos fugirem. Em todos os desastres, percebe-se que a hierarquia é inflexível. É importante os executivos saberem disso, pois seus empregados vão procurá-los em busca de orientação.

ÉPOCA – Os militares estudam as reações ao medo para ampliar as chances de sobrevivência em batalha?
Ripley –
Sim. Os militares fazem treinamentos os mais realistas possíveis. O mesmo acontece entre os praticantes de artes marciais. Eles repetem os mesmos golpes e contragolpes milhares de vezes. Tudo para, quando for necessário, o lutador não pensar, apenas reagir. Um dos sobreviventes, que estava num andar bem alto do Trade Center, me disse exatamente isso: “A única coisa que eu pensava é que não devia pensar em nada, apenas agir”.









Um comentário:

  1. Cara, muito bom post, é bom sabermos como sobreviver a isto, pois temo que o próximo grande terremoto seja no Brasil, não pelas placas tectónicas, e sim pela HAARP pois se você analizar eles acertaram o Haiti e depois o Chile, chegando bem perto do Brasil que é o alvo. até para desistabilizar a economia do País.

    Um abraço!!!!

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